Amor

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Eu me libertei do amor. Essa necessidade que eu não tenho. Essa utopia cujo o único objetivo é nos fazer perseguir o inalcansável e nos iludirmos com o improvável. E aí, vítimas do fatal insucesso da empreitada, amargar o fracasso dos que nunca encontraram o amor. Nem dentro de si mesmo. Porque o amor de fato não existe. Sua premissa em si é falsa, é uma doutrina de submissão e de auto anulação, que prega que nenhum ser humano é completo.
O amor é uma dívida. Os que nos amam são nossos credores. Agem como agiotas providenciais oferecendo aquilo que de fato não precisamos e cobram juros altos por isso. As mães cobram até o fim de seus dias por terem dado à luz seus filhos. Os amigos cobram por sua cumplicidade. Os companheiros cobram por sacrificarem suas existências à servidão, de alguma ou de todas as formas.
E por mais que se devolva em troca, nunca será o suficiente. Eterno devedor, acabarás sem pernas, sem braços, lhe arrancaram os olhos da cara e, por fim, a vontade de viver. Subjugado, não há outra saída senão entregar-se ao inferno em que acaba o sonho. Amar é vender a alma ao Diabo.
Como disse Oscar Wilde, o homem sempre mata aquilo que ama.
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O que mais se aproxima do amor idealizado é o "amor" dos animais. Digo entre aspas porque os animais não concebem esse palavra. O que eu conheci e que mais se aproximou do chamam e amor, foi com meus cachorros. O amor realmente puro e incondicional. O amor de um cão não distingue se você é um rei ou um morador de rua, se você é feio ou bonito, se você é um ladrão ou um santo. Eles enxergam e "amam" ou seu eu verdadeiro, com suas variações de humores e disponibilidade inconstante.
Os cães não escravizam e nem se deixam escravizar. Se o amor torna-se um fardo, esperam pacientes pelo momento em que o portão esteja aberto e a coleira solta.
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O amor não é uma escolha.
É a usurpação do direito de escolha.
É entregar a outros,
espontânea ou forçosamente,
O direito de guiar sua vida.
É eximir-se da responsabilidade do erro.
O amor é uma espécie de covardia
consigo mesmo e com a vida.
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De fato, a única coisa que nos une ao outro é o interesse, seja ele qual for. Dito assim, de forma tão seca , parece feio e desonesto mas é porque fomos criados para julgar como feio e desonesto tudo aquilo que contraria os interesses do grupo no qual vivemos, a sociedade da qual fazemos parte.
Despidos de todas as regras e convenções, nenhum homem poderá negar que é guiado por interesses bem menos nobres do que essa manto invisível chamado amor. É nossa essência. Nosso instinto de sobrevivência.
As trepadeiras não se enroscam nas árvores por outro motivo senão alimentar-se e, apoiando-se no tronco e nos galhos, subir mais alto em busca dos raios e sol. E nem por isso são desonestas. Desonesto é negar-se diante o espelho. Não há desonestidade maior do que ser desonesto consigo mesmo.
Há mais honestidade em uma parasita do que em um ser humano.

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